Aos Leitores
Resumo
Na sociedade brasileira, a “questão das drogas” tem ultimamente suscitado muitos debates e posicionamentos inflamados sobre como tratar esse “problema social”, especialmente neste último período em que o Estado deflagrou uma “guerra” ao tráfico de drogas no Rio de Janeiro, com a ocupação e “pacificação” de algumas comunidades cariocas. A princípio, essa afirmação pode ser muito coerente e sensata, já que esse discurso se impõe diariamente, seja pelos veículos midiáticos, seja por profissionais de diferentes áreas, seja pelas conversas cotidianas. Contanto, as múltiplas aspas colocadas na oração acima são para problematizar que a “questão das drogas” apareceu como tema candente e, ao mesmo tempo, como problema social, há no máximo um século atrás, visto que é milenar o consumo sistemático de substâncias capazes de alterar o comportamento, a consciência e o humor dos seres humanos. Na atualidade, o consumo de “drogas” e o conhecimento produzido sobre o tema são pautados pela lógica negatizante de combate ao mal, noção pela qual passou a ser representado o consumo de toda e qualquer substância psicoativa, particulamente as ilícitas e a de abuso. [...]
